Mariana
Tokarnia - Repórter da Agência Brasil
Em um ano
de ajuste fiscal, uma das alternativas para aprovar o projeto que aumenta os
repasses da União para a educação poderá ser a de estipular um prazo para que
isso comece a ser feito, segundo o deputado Glauber Braga (PSB-RJ). O deputado
pretende apresentar um substitutivo que trata de normas de cooperação entre a
União, os estados, municípios e o Distrito Federal na oferta de
educação.
"Do
jeito que está, com os municípios com as maiores responsabilidades, mas com
subfinanciamento, não dá para exigir uma educação de qualidade", afirma
Braga. O deputado é relator, na Comissão de Educação, de dois projetos de lei
complementar que tratam da cooperação entre os entes federados, o PLP 15/2011 e
o PLP 413/2014. A questão está no Plano Nacional de Educação (PNE), lei que
prevê metas e estratégias para a melhoria do setor em dez anos.
O PNE
estabelece a criação e regulamentação do Sistema Nacional de Educação (SNE),
responsável pela articulação entre os sistemas de ensino. As novas leis deverão
estabelecer as normas de cooperação entre os entes federados para a oferta de
educação no país, além de garantir o equilíbrio das responsabilidades de cada
um e dos recursos dos quais dispõem.
Segundo
Braga, o aumento dos repasses da União deverá ser tratado no substitutivo. Ele
ainda não tem previsão de quando apresentará o projeto, mas ressalta que, pelo
PNE, o sistema deve ser regulamentado até junho de 2016. Ele acrescenta que, em
ano de ajuste, para facilitar a tramitação e a aprovação do projeto, uma das
possibilidades, "que não necessariamente será colocada em prática, é
incluir um prazo para que [o aumento de repasses da União] comece a
vigorar".
O SNE foi
tratado em audiência pública convocada por Braga, nessa terça-feira (18), na
Câmara dos Deputados. O financiamento está entre os maiores desafios destacados
pelos participantes da audiência.
"Não
há como discutir o sistema nacional sem financiamento", defendeu o
representante da Associação Nacional de Pesquisa em Financiamento da Educação
(Fineduca), Luiz Araújo. Segundo ele, a União, ente que mais arrecada, é o que
proporcionalmente menos investe. Dados de 2014, obtidos por requerimento de
informação pelo senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), mostram que a União contribui
com 18%, os estados, com 40%, e os municípios, com 42% do investimento direto
em educação.
O SNE
está também em debate no âmbito do Executivo, mas "toda a ajuda é
bem-vinda", disse o secretário de Articulação com os Sistemas de Ensino do
Ministério da Educação (MEC), Binho Marques, que participou da audiência
pública. A pasta divulgou em junho o texto que servirá de base para a criação do sistema. Segundo Marques, o ministério
recebeu diversas contribuições e, em outubro, deverá colocar para consulta
pública uma nova versão e um projeto de lei. Após a consolidação, será enviada
ao Congresso Nacional.
O coordenador
da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, ressalta que o SNE
não valerá apenas para este governo ou durante a vigência do atual PNE, e deve
ser pensado dessa forma. "O sistema vai ter que permanecer, embora a
vigência do plano seja até 2024. Vai estruturar não só esse plano, mas os
planos posteriores."
Edição: Graça
Adjuto
Fonte:
Agência Brasil
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