Professora da Universidade de São Paulo (USP) por
mais de 70 anos (1941 a 2013), Berta Lange de Morretes, 97 anos, revela que o
interesse pelo magistério surgiu quando ainda era estudante do antigo curso
ginasial. Exemplo de dedicação e amor ao trabalho realizado, ela continuou
atuante na universidade mesmo depois de aposentada. E justifica a motivação:
“Em primeiro lugar está o prazer de ensinar e poder ajudar as pessoas que
buscavam conhecimento”.
Com graduação em ciências naturais e livre
docência pela própria USP e pós-doutorado pela University of California–Davis,
Berta dedicou a vida ao ensino e à pesquisa na área de botânica, com ênfase em
anatomia vegetal.
Berta nasceu na cidade de Iffeldorf, Alemanha.
Filha de mãe alemã e pai nascido no Brasil, veio para o Brasil ainda criança.
Jornal do Professor – Como
surgiu o interesse pela carreira acadêmica, tanto pelo ensino quanto pela
pesquisa?
Berta Lange de Morretes – Surgiu
quando era garota, no ginásio. Como meus pais eram professores, mantinham uma
escola em casa para quem não tinha condições de pagar por aulas de música,
canto e desenho.
– Foram mais de 70 anos de dedicação à USP. O
que a fez continuar a trabalhar, mesmo depois de aposentada?
– Em primeiro lugar, o prazer de ensinar e de
poder ajudar as pessoas que buscavam conhecimento. Depois, eu tinha condições e
vontade de continuar meu trabalho de pesquisa.
– O que mais valeu a pena, no decorrer da
carreira acadêmica? O ensino, a pesquisa?
– As duas são complementares e valeram muito a
pena. Ao pesquisar eu podia ensinar e aprender.
– Nesse período de mais de 70 anos, a senhora
detectou mudanças nos estudantes, de comportamento, atitudes, interesses?
– Em certo aspecto, o uso de muita tecnologia
deixou tudo mais fácil para os alunos. Eu percebia uma certa falta de interesse
por parte deles em relação a conhecimentos que para mim são essenciais, como
fazer os desenhos anatômicos, por exemplo.
– A senhora teria alguma mensagem ou conselho
para os jovens professores que estão começando suas atividades?
– É difícil aconselhar, mas gostar do que faz e
dedicar-se já é um bom caminho.
Fonte: Portal do Professor
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