sexta-feira, 6 de setembro de 2013

A educação, o professor e o caminho das pedras



se fosse fácil achar o caminho das pedras, tantas pedras no caminho não seria ruim” (Engenheiros do Hawaii)

A educação perde a cada dia mais professores. Saem da escola, prestam concurso para áreas diversas (bancos, instituições estaduais, ou federais), vão trabalhar autonomamente, mas não assumem a escola. E a culpa não é de todo dos governantes. Muitas pessoas com alto nível de competência fazem licenciaturas, mas quase sempre abandonam o professorado. Por vários motivos. Falta valorização dos professores, salários melhores, assistência dos dirigentes, mais espaços estruturados para melhor se trabalhar. Muitas outras vezes o pessoal tem ambições “maiores” - a sociedade estimula bastante- querem ser médicos, advogados, engenheiros, dentistas. Outros vão fazer mestrado para serem cientistas/pesquisadores (e daí seguem até o doutorado) ou para serem professores de ensino superior ou para serem técnicos. Ainda existe e muito essas ambições, algumas delas ligeiramente louváveis, outras nem tanto! 
 
A educação é a pedra angular de construção de uma melhor sociedade. Para se atingir níveis de excelência em ensino, ciência e tecnologia, há que se investir pesadamente em educação. É até clichê falar, mas nunca é repetitivo dizer: educação é a chave. O resto vem como consequência!

A culpa da má educação é do governo federal, dizem muitos acorrentados mentalmente! Em aspectos, sim. A culpa mesmo é da sociedade como um todo: empresários, pessoas comuns, padres, pastores, os políticos, os militares, enfim, todo mundo! Não se pode culpar unicamente este ou aquele governo local, estadual ou federal.

Para todos os efeitos a educação no Brasil melhorou significativa nos últimos anos. Mas do que verdadeiro e honesto afirmar isso, as estatísticas falam por si. Mas não é somente por isso. Hoje os professores que estão no ensino, são em sua maioria, graduados ou graduandos. O que já é um grande passo fundamental. Há destinos de dinheiro público unicamente para a educação. Os salários dos professores estão, mesmo que timidamente, melhorando. Existem carros e mais carros para transportar alunos. Há livros para os dois níveis básicos de educação (fundamental e médio). As escolas estão sendo melhoradas. Há na maioria das escolas, computadores conectados a internet para pesquisas e etc!

Mas quando em sala de aula ainda enfrentamos muitos percalços. Alunos desmotivados, a maioria. Pouca assistência e apoio aos professores, que muitas vezes ficam como Daniel na Cova dos Leões. Ou seja, perdidos, acuados e confrontados. Acomodação quase que involuntária por parte de quase todos os professores. Não por que eles queiram tal acomodação, mas por imposição. Muitos trabalham dois turnos ou mais e daí não terem tempo para muita coisa de modo que ficam impossibilitados para estudarem/lerem e se atualizarem. O pouco tempo que lhes restam é apenas para se dedicarem a esposas (os), companheiros (as), namorados (as) ou para os filhos. Enfim, é uma via de mão única!

Por outro lado há alunos realmente talentosos em nossas escolas. Alunos motivados, interessados. Alunos cuidadosos com suas responsabilidades quanto a estudantes e não somente quanto a serem alunos. Estudantes dignos de estudar, quando no ensino superior, em centros de excelência educacional tais como ITA, USP, UFC, etc. Por que são alunos com potencial para serem os melhores em seus estudos. Mas esses alunos ficam que nem cordeiros entre os lobos, impossibilitados de desenvolverem-se ao máximo, pois pelo efeito dominó, que o matemático russo Andrei Toom se refere, os desinteressados acabam afetando os interessados. 
 
Em todo caso, há que se dizer que um bom professor faz muita diferença na vida educacional de um bom aluno. Um bom professor aponta claramente o caminho das pedras a todos. Mas a ânsia pelo conhecimento, pelo saber tem que partir dos próprios alunos. O Matemático e Físico italiano Galileu Galilei nos garantiu que ninguém ensina nada a ninguém, apenas ensinamos todos a aprender por conta própria, o que dado a autoridade de Galileu, é mais do que verdadeiro. Uma turma de bons alunos é que faz um bom professor. Um professor competente se interessa por seus alunos. Zela por eles, os defende, os motiva, os provoca para que busquem mais e mais.
Por Valdecir Ximenes
Publicado inicialmente no “Crônicas do Boqueirão”

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