Oito milhões e meio de estudantes estão atrasados duas séries no Brasil.
Os números são do Censo de Educação Básica, e a estatística se repete
no Ensino Médio e no Fundamental. De cada dez alunos do ensino médio,
três estão com os estudos atrasados em mais de dois anos. Os principais
motivos são: por que foram reprovados ou tiveram de parar de estudar.
Estudar à noite, depois de passar o dia inteiro trabalhando, não é
fácil. Elizane Fernandes acabou repetindo o primeiro ano do Ensino
Médio. Ela conta que, além do desafio de estudar matérias novas - como
química e física -, nem sempre os professores ajudam. “A matéria sendo
difícil fica um pouco complicado pra gente entender, porque alguns
professores não explicam muito bem, mas outros sim”, afirma a estudante.
Quase 30% dos alunos do Ensino Médio no Brasil estão atrasados pelo
menos dois anos em relação à série que deveriam frequentar ou porque
foram reprovados ou pararam de estudar por um período.
Foi o que aconteceu com Irene Nunes. Ela mudou de cidade, começou a
trabalhar e teve que ficar longe das salas de aula por três anos. Voltou
aos 20 e está um pouco perdida. “Sem entender nada, no início é muito
ruim. Agora que estou pegando o ritmo, mas ainda meio paralela”, lamenta
a estudante.
E não são só os jovens do Ensino Médio que acabam se atrasando na
escola: 21% dos estudantes do Ensino Fundamental também estão dois anos
acima da idade recomendada para as séries que frequentam. É o que aponta
o Censo da Educação Básica de 2013.
O especialista em políticas públicas em educação Bernardo Kipnis
considera os índices altos. Diz que entre os motivos para o atraso estão
currículos pesados demais, excesso de disciplinas e professores pouco
didáticos. Ele defende uma mudança no modelo de ensino.
“Ele hoje não corresponde a essas necessidades desse jovem. Ele quer
ver a razão e a consequência desse seu estudo. Para que que ele está
estudando? Como é que ele aplica isso?”, questiona o especialista.
O governo reconhece que a escola precisa melhorar e diz que está
investindo em várias frentes. “É uma política que trabalha com muitos
fatores. Então, seja a formação dos professores, as novas tecnologias de
comunicação, informática, filmes, DVDs, um gigantesco programa do livro
didático que o nosso país tem, tudo isso vem contribuir”, afirma Maria
Beatriz Luce, secretária de Educação Básica do MEC.
Apesar das dificuldades, Elizane está confiante. “Eu nunca pensei em
desistir de estudar. Sempre falo assim, com vontade mesmo, que eu tenho
essa coragem para conseguir”, completa.
Fonte: Edição do dia 26/05/2014 - BOM DIA BRASIL - Rede Globo
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