domingo, 5 de junho de 2011

Líderes partidários do governo e da oposição falam sobre a entrevista de Antonio Palocci


Governistas e oposicionistas comentaram na noite desta sexta-feira (3) a entrevista concedida à TV Globo pelo ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci.

Confira abaixo o que eles disseram:

ACM Neto, deputado federal (BA) e líder do DEM na Câmara

"A entrevista não fala nada, não acrescenta nenhuma informação, ele é vazio nos pontos que interessa, nas empresas que contrataram os seus serviços e a origem do recurso. Ele falar foi inútil, não deveria ter passado por essas, falou, falou e não disse nada. Ficou no ar numa nebulosa grande. Reforçou a necessidade de ele ir à Câmara, se defrontar com os deputados sobre as coisas graves que a empresa dele fez."

Alvaro Dias, líder do PSDB no Senado

"A entrevista dele pode ser usada mais como peça de acusação do que de defesa. Em alguns momentos ele foi ingênuo, em outros foi inconsistente e não verdadeiro. Não respondeu às questões essenciais. Se escondendo atrás da tese de que os contratos são confidenciais, não revela nomes e valores, então não revela nada. Como homem público, tem dever da transparência e da publicidade, e não da confidencialidade. Quem o contratou o fez sabendo quem era Palocci, ex-ministro da Fazenda e deputado federal, com compromisso com a visibilidade. Não há a eliminação de nenhum dos indícios, ele tem que ir ao Congresso, e se não for, vamos continuar tentando a CPI."

Cândido Vaccarezza, deputado federal (PT-SP) e líder do governo na Câmara

“Acho importante a entrevista porque ele deixou claro que era um problema dele, que não fez tráfico de influência e nem usou informações privilegiadas. Quero centralizar o debate sobre o ‘Brasil Sem Miséria’ e os projetos importantes para o Brasil. [A entrevista] facilita a discussão [sobre a convocação do ministro para dar explicações no Congresso]”.

Chico Alencar, deputado federal (RJ) e líder do PSOL na Câmara

“Eu acho que ele demorou muito para falar, 18 dias, e falou muito pouco. Não acrescentou nada do essencial que a sociedade quer saber. Por exemplo, não falou que tipo de consultoria prestou e para quem. Dizer que tem nota fiscal é totalmente insuficiente.”

Cristovam Buarque, senador (PDT-DF)

“Foi muito frustrante. Primeiro como parlamentar, ele escolhe falar com um jornalista, mas se nega a comparecer ao Congresso. É frustrante vê-lo falar com um só jornalista, não em uma coletiva ou em comissão do Senado. E me frustrei porque não vi respostas convincentes sobre o porquê do valor e porque foi pago a ele. Quando jovem, eu fui consultor. Se calculava os salários dos consultores e o lucro da consultora. Uma pessoa que ganha R$ 20 milhões por ano é a Gisele Bündchen, mas as pessoas que a pagam sabem quanto vão ganhar por ela aparecer, como com um jogador de futebol. É possível saber quem pagou. Agora vai aumentar muito a pressão do Senado e da Câmara para que essas informações apareçam.”

Duarte Nogueira, deputado federal (SP) e líder do PSDB na Câmara

"Não disse absolutamente nada. Só piorou a questão. Não elucidou os pontos se houve tráfico de influência e de conquista de benefícios pessoais. Depois dessa entrevista, ele deve pedir afastamento. A posição do ministro ficou insustentável. Agora, a pressão da opinião pública vai aumentar, porque ele disse que só prestou serviços para empresas privadas, mas não disse se elas tinham interesses dentro do governo. E essa história de concentração de recursos no fim do ano, porque os pagamentos estavam represados não existe, eles são pagos a medida que são prestado."

Henrique Eduardo Alves, deputado (RN) e líder do PMDB na Câmara

“Acho que o que faltava era ele vir a público e fazer o que fez. Ele fez com segurança, as perguntas não foram combinadas. Na minha opinião ele respondeu com tranquilidade, serenidade. Mesmo para aqueles que não querem acreditar na sua palavra, ele fez com seriedade. Eu acho que ele encaminhou a documentação que ele falou, que não se envolveu com nenhum órgão público. Eu dou a ele este crédito. Acho que ele não iria falar ao Brasil o que a documentação não comprovasse. Ele fez com seguridade e cumpriu seu papel de forma esclarecedora.”

José Agripino, senador (RN) e presidente nacional do DEM

"A entrevista não acrescenta nada, porque não esclarece a dúvida da opinião pública, que é se houve ou não tráfico de influência. Qual o problema de expor o negócio se eles são limpos? Ele falou para o público interno do governo e do PT, mas o cidadão comum em casa se pergunta qual o problema de dizer com quem ele tinha contratos, se eles eram limpos? Está longe de encerrar o assunto, as dúvidas pemanecem e ele terá que se defender no foro adequado"
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Luiz Sérgio (PT), ministro de Relações Institucionais

“Ele foi claro, objetivo e convincente. Não [precisa dar novas explicações ou falar no Congresso], porque todos estavam cobrando que ele falasse e ele falou para o Brasil, falou de maneira, como disse, clara, objetiva e convincente. As explicações que tinham que ser prestadas foram prestadas e os dados, como são dados que se referem a sigilos de contratos que precisam ser respeitados [não foram expostos]. Vou dar um exemplo: a WTorre se antecipou dizendo que ele tinha trabalhado para ela e rapidamente, em poucos dias, de forma irresponsável, a oposição disse que ela tinha se beneficiado [de tráfico de influência]. Utilizaram uma empresa, o nome de uma empresa, de forma leviana para fazer disputa política, então é preciso preservar as empresas. Elas fizeram contratos. A crise vai passar. As pessoas queriam ouvi-lo e ele falou.”

Marta Suplicy, senadora (PT-SP), vice-presidente do Senado

"Calmo, respondendo todas as questões com tranquilidade, Palocci colocou com clareza sua atividade empresarial. O mais importante foi a afirmação de não ter atuado em situações que envolveriam órgãos públicos. Tampouco ter desenvolvido qualquer atividade que dependesse, direta ou indiretamente, de decisão governamental. Da minha parte, tem toda confiança."

Ophir Calvalcante, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)

"São declarações insuficientes. Essa questão só poderá ser efetivamente elucidada, para saber se houve ou não tráfico de influência ou uso indevido do cargo, se houver uma investigação mais aprofundada e só quem pode fazer essa investigação é o Ministério Público Federal. Enquanto isso não houver, teremos, de um lado, o ministro tentando dar explicações e do outro os partidos da oposição dizendo que estas foram insuficientes. Ao lado disso, a OAB continua insistindo que o licenciamento do ministro seria a melhor solução."

Pedro Simon, senador (PMDB-RS)

“Ele falou aquilo que a gente já sabe. Hoje tem uma pessoa, que é o procurador-geral da República, que tem todos os dados, de acordo com o ministro. Vamos aguardar o pronunciamento dele.”

Romero Jucá, senador (PMDB-RR), líder do governo no Senado

“Foi uma entrevista tranquila. Ele falou o que poderia falar respeitando a confidencialidade dos contratos e acho que esclarece a posição dele e dá um ponto importante de que não pode haver exploração política nesse caso. Exploração política vai haver sempre, mas a base do governo ganha agora um discurso importante para defendê-lo. [Palocci] Não deu detalhe das empresas porque não queria expor. Está correto. Falou sobre todos os assuntos e que está respeitando informações detalhadas aos órgãos de controle.”

Ronaldo Caiado, deputado federal (DEM-GO)

“Primeiro lugar, nada convincente e nada esclarecedor. Ficou claro que ele foi cem por cento monitorado por advogado de defesa. Ele não teve um comportamento de um homem público. Em resumo, é um político em queda-livre, sem rede de proteção. A Casa Civil caiu. Ficou claro que ele não suporta uma convocação na Câmara. Palocci cada vez mais está com cara de ser o Delúbio Soares do governo Dilma.”

Rui Falcão, deputado estadual (SP) e presidente nacional do PT

“Muito boa, achei a entrevista muito convincente. Desde o início, sempre achei que ele [Palocci] tinha dado as respostas sobre sua consultoria, agora ele detalhou. Ele mesmo afirmou, e sempre achei isso também, que não há nenhuma crise, e com essas informações detalhadas acredito que se encerra o assunto.”

Sérgio Guerra, deputado federal (PE) e presidente nacional do PSDB

“Ele prestou esclarecimentos sobre o que ninguém perguntou a ele. O que todos perguntam e que cabe esclarecer é para quem trabalhou, por quanto trabalhou e qual o trabalho que ele fez. O argumento de que o faturamento se concentra no momento em que ele encerra o trabalho da empresa não resiste a três minutos de exposição. Se ele está disposto a falar ou se apresentar como aconteceu hoje para toda a população, por que ele não vai ao Congresso como bom democrata e presta os esclarecimentos? Não é por falta de convite, é por excesso de proteção."

Fonte: G1

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