terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Opinião – País canta e ri pra não chorar

Da Jangadeiro Online - "Os crimes se sucedem na capital e no interior. Desfilam as escolas no sambódromo ao lado da violência no crimódromo. Um com o dinheiro público, outro por falta de dinheiro público. Pior é que termina sobrando para as crianças. Tanto no Carnaval como no velório, lá estão elas – umas vítimas da fantasia, do delírio dos adultos, e outras vítimas da triste realidade da miséria.

Entre uma e outra notícia do Carnaval, visto como o maior espetáculo da Terra, ouvimos também o gemido de um outro espetáculo avassalador – o da violência. Um garoto de dez anos é assassinado pelo padrasto, no Crato, ao tentar socorrer a mãe agredida. Uma garotinha de quatro anos é atropelada e morta por um jet-ski pilotado por outro garoto de 14 anos, em São Paulo.

No Rio Grande do Sul, um jovem alcoolizado invade com seu carro a rua fechada para o Carnaval e atropela 17 pessoas. Levado à delegacia, presta depoimento e sai para continuar a farra estimulado pela impunidade. Enquanto isso, a família e amigos choram no velório do pastor assassinado no Carnaval, ao abrir a sua padaria para ganhar o pão da vida.

E nas ruas ermas do centro da capital, muitas famílias respiram entre muros eletrificados, temendo sair por conta da violência urbana. Esta não pode ser considerada uma situação normal. Pensando bem, não temos grandes motivos para Carnaval senão como um instrumento de fuga da pressão, da crise de violência e do pânico que estão estampados na cara de um país que canta, dança e rir para não chorar. A Quarta-feira de Cinzas mostra tudo isso."

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