Por outro lado, na cada vez mais factível hipótese de rompimento, é difícil o PT escolher um candidato que não ele. Pimentel questionou a capacidade gerencial do Estado, algo caríssimo ao governador e considerado artigo em falta na Prefeitura. Passou a incorporar, dessa forma, o contraponto petista em relação ao Governo do Estado. Conseguiu tirar o governador do sério como poucas vezes se viu. É bom lembrar que o discurso de campanha municipal tendo como foco a oposição à administração estadual não é novo. Foi repetitivamente usado na época em que a esquerda tinha como alvo favorito o “grupo do Cambeba”.
Desde a semana passada, a Prefeitura está sob fogo cerrado dos Ferreira Gomes pela suposta inoperância administrativa. Como disse um influente petista, fosse em outros tempos, no dia seguinte partiria do PT um fuzil “AR-15 na imprensa, atirando para todo lado”. Curiosamente, o “tiroteio” vem sendo disparado por personagens normalmente apaziguadores: Cid e Pimentel. A tarefa de jogar água na fervura tem cabido a Luizianne Lins, justamente quem costuma dar as declarações que provocam as crises.
O mundo político cearense parece mesmo de pernas para o ar. A Prefeitura tenta dar o tom de que nada teve com as críticas do senador. O Palácio da Abolição, contudo, entendeu como resposta às críticas feitas na semana passada. Depois que o Estado apontou o dedo para o Município, teve contra si apontado o dedo do Governo Federal.
Cid foi explícito: recebeu a manifestação como declaração de guerra. Se não houver competente, cuidadosa, intensa e cirúrgica ação para debelar a crise, a aliança PT-PSB irá irremediavelmente para o espaço. Com isso, os diversos fóruns da política estadual entrarão em pé de guerra. A eleição será um “salve-se quem puder”.
No começo de 2010, Pimentel elencou as obras estaduais para as quais assegurou recursos quando foi relator do Orçamento federal de 2008. Ressaltou sua lealdade em relação à administração Cid e cobrou reconhecimento e reciprocidade. A reação veio de Ivo Gomes e foi indignada. “Nós não devemos nada ao Pimentel. Nada ao Pimentel. Nada!”, enfatizou, E ainda acrescentou: “Reconhecimento de quê?! O quê?! Qual é o reconhecimento?”
(O POVO / Coluna Política / Érico Firmo)
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