quarta-feira, 3 de junho de 2009

Jobim confirma queda da aeronave francesa


Segundo ministro da Defesa, foram localizados destroços do Airbus da Air France em uma faixa de 5 km no oceano.

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, confirmou ontem que os destroços encontrados durante a madrugada no Oceano Atlântico, a 740 quilômetros de Fernando de Noronha, são do Airbus da Air France. De manhã, a Aeronáutica havia informado que não poderia confirmar a origem do material.

De acordo com Jobim, as aeronaves de busca avistaram uma mancha de óleo, destroços e uma poltrona. ‘‘Nós temos uma posição no sentido de que isso é do Airbus da Air France’’, disse o ministro. Ao responder a um repórter, Jobim garantiu: ‘‘Os destroços são do avião. Isso não há mais dúvida’’. E acrescentou: ‘‘Eu não trabalho com hipóteses. Nós trabalhamos com dados empíricos. A determinação, que foi feita pelo ministro da defesa em obediência ao presidente Lula e do vice José Alencar, é que essas buscas continuam dentro da modelagem estabelecida pelo sistema Parasar. Há um sistema de buscas que independe de hipóteses e que trabalha exatamente esgotando todas as possibilidades neste perímetro’’, disse o ministro da Defesa.



O Airbus da Air France desapareceu após decolar do Rio de Janeiro no domingo (31) em direção a Paris e desapareceu. O vôo AF 447 levava 228 pessoas. Jobim disse que não é possível saber se há sobreviventes. Segundo o ministro, o avião Hércules da Força Aérea Brasileira identificou diversos materiais em uma faixa de 5 quilômetros. ‘‘Fios, metais, enfim, elementos que compõem a aeronave’’, esclareceu. O local fica dentro da área em torno do arquipélago de São Pedro e São Paulo. Ele esclareceu: os objetos encontrados no mar serão recolhidos e embarcados no navio Grajaú, da Marinha. A embarcação levará o material para Fernando de Noronha.

O ministro detalhou como será feito o processo de buscas por destroços do avião, corpos e sobreviventes. Tudo que for encontrado será deslocado por navio até 250 milhas de Fernando de Noronha. Dessa região, o material será levado de helicóptero até a ilha.

Jobim disse que não há um limite de dias para as buscas. ‘‘Há um sistema de buscas que independente de hipóteses e que trabalha exatamente esgotando todas as possibilidades nessa área de cerca de 9 mil km². Não há fixação de dias, não trabalhamos com dias’’.

Tragédia em 4 minutos

As mensagens automáticas recebidas pela sede da Air France, em Paris, indicam que a tragédia se desenhou em apenas quatro minutos. O primeiro sinal de um possível problema a bordo chegou às 23h10 (hora de Brasília) do domingo, dando conta do desligamento do piloto automático. As mensagens seguintes apontam uma sucessão de graves panes. O último alerta foi emitido às 23h14: ‘‘cabin vertical speed’’ (cabine em velocidade vertical, na tradução do inglês) — um ‘‘indício técnico’’ de que o avião caiu no Atlântico.

Ainda há dúvidas sobre o que teria provocado essa série de problemas. Em caso de percurso errático, o acionamento do controle automático pode ser danificado, retirando o comando da tripulação e levando a aeronave a desvios súbitos de trajetória, com ganho ou perda radical de altitude e aceleração superior à suportada pelo equipamento. ‘‘Até mesmo uma ruptura da carenagem em pleno vôo pode ter ocorrido’’, entende Jean Serrat, ex-comandante e integrante do Sindicato Nacional de Pilotos da França.

Encontro com familiares

O ministro teve um encontro com a famílias dos passageiros que estavam a bordo do avião. Ele contou que não conversou com familiares sobre a possibilidade de haver sobreviventes. ‘‘Eu não disse nada sobre isso (a hipótese de sobreviventes). Eles perguntaram, mas eu disse: nós trabalhamos com resultados empíricos. Porque se nós trabalhássemos com hipóteses, nós poderíamos suspender as buscas só por causa de hipóteses. Ou seja, esgotam-se os esforços até um determinado momento, que é um momento definido pelos técnicos. Agora, até o momento não foi divisado nenhum corpo, somente destroços’’, esclareceu Jobim.

CAIXA PRETA
Acidente pode ser ´indecifrável´


Diante do desaparecimento do avião Airbus da Air France e das poucas pistas já levantadas sobre o assunto, o ex-presidente da Infraero brigadeiro José Carlos Pereira considerou ontem ser ‘‘quase impossível’’ se encontrar a caixa-preta em alto mar. O brigadeiro avaliou que este vai ser um daqueles acidentes ‘‘inconclusivos’’ onde o ‘‘elo final’’ não se fecha e se trabalha apenas com a melhor hipótese.

‘‘Esse acidente está muito indecifrável. (...) O grande problema é que não tem o elo final. No caso do avião da Gol, todo mundo sabe porque caiu, caiu porque bateu. No caso do da TAM em Congonhas, você sabe que aconteceu porque o manete estava na posição de aceleração. Agora esse é inconclusivo’’, disse.



Na visão do brigadeiro, a única coisa que poderá auxiliar na investigação são os destroços. Dependendo de como eles vierem aparecendo, será possível se saber se houve explosão ou se o avião apenas caiu.

De acordo com Pereira, a hipótese mais provável para explicar o ocorrido é a de que o avião enfrentou uma turbulência ‘‘brutal’’ que causou danos ao avião e, desta forma, ele acabou caindo.

Para explicar o fato, o brigadeiro citou como exemplo um recente vôo da TAM que enfrentou uma turbulência tão forte que alguns passageiros ficaram feridos. ‘‘Um dano catastrófico é possível, uma turbulência brutal, uma chuva de granizo pesada, coisas assim. No caso da forte turbulência enfrentada recentemente pelo avião da TAM, pega ela e multiplica por cinco. O avião teria danos estruturais severos irreparáveis, se desmantelaria em vôo’’, explicou.

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