quinta-feira, 4 de junho de 2009

Tragédia aconteceu em apenas quatro minutos


O Airbus, da companhia aérea Air France, teria emitido mensagens automáticas relatando panes graves nos equipamentos da aeronave, que culminaram com sua queda no Oceano Atlântico. As investigações sobre as causas continuam.
Técnicos do Cenipa acreditam que um conjunto de fatores tenha causado o acidente com o Airbus A330-200.
As mensagens automáticas recebidas pela sede da Air France, em Paris, indicam que a tragédia se desenhou em apenas quatro minutos. O primeiro sinal de um possível problema a bordo chegou às 23h10 (hora de Brasília) do domingo, dando conta do desligamento do piloto automático. As mensagens seguintes apontam uma sucessão de graves panes. O último alerta foi emitido às 23h14: ‘‘cabin vertical speed’’ (cabine em velocidade vertical, na tradução do inglês) — um ‘‘indício técnico’’ de que o avião caiu no Atlântico.

Ainda há dúvidas sobre o que teria provocado essa série de problemas. Em caso de percurso errático, o acionamento do controle automático pode ser danificado, retirando o comando da tripulação e levando a aeronave a desvios súbitos de trajetória, com ganho ou perda radical de altitude e aceleração superior à suportada pelo equipamento. ‘‘Até mesmo uma ruptura da carenagem em pleno vôo pode ter ocorrido’’, entende Jean Serrat, ex-comandante e integrante do Sindicato Nacional de Pilotos da França.

Possíveis causas

Técnicos do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) acreditam que um conjunto de fatores, associados à forte turbulência, provocou o acidente com o Airbus. A possível formação de camadas de gelo numa das asas ou até mesmo no motor, além da mudança brusca no centro de gravidade da aeronave, teriam causado a queda da aeronave. Ainda numa primeira análise, o Cenipa praticamente descarta a possibilidade de o avião ter explodido no ar.

´ As manchas de óleo e querosene visualizadas por aviões da Aeronáutica na região em que foram encontrados destroços indicariam que parte do Airbus, como uma asa, caiu inteira ou semi-partida no Oceano Atlântico, despejando combustível. Se o avião tivesse se desintegrado em altas altitudes, o óleo teria se dissipado no ar´, disse um dos técnicos do Cenipa, que prefere não se identificar enquanto não obter informações precisas a respeito do acidente.

A aeronave voava a uma altura de 11 quilômetros, quando enviou uma mensagem de erro à empresa. Técnicos do Cenipa investigam ainda se a tempestade de nuvens Cúmulus Nimbus na qual o avião entrou provocou a formação de um grande muro de gelo, o que poderia ter provocado um apagão nos e uma pane elétrica.


Pouco otimista, o investigador francês Paul Louis Arslanian acredita que investigação pode ser ´frustrante´.

A investigação preliminar aponta que a forte turbulência teria ainda gerado desorientação e a perda do controle remoto da aeronave. Desta forma, acreditam os técnicos, haveria uma mudança brusca incontrolável no Centro de Gravidade (CG) do Airbus, como a inclinação de uma das asas ou do bico em mais de 70º. A pane elétrica e despressurização fariam com que o avião entrasse em queda livre ou se partisse.

A investigação da tragédia do vôo AFR 4407 ficará a cargo do órgão francês equivalente ao Cenipa, o Accident Investigation Bureau (BEA), que apura acidentes aéreos envolvendo aeronaves civis registradas por companhias da França. O Cenipa irá apoiar a investigação e os primeiros destroços a serem retirados do mar serão levados para a ilha de Fernando e Noronha, ponto de terra mais próximo do local do acidente.

Teoria improvável

Ainda segundo os técnicos, a formação de tempestades como a que teria ocorrido não é comum na altitude em que o avião estava, a cerca de 30 mil pés, mas pode ocorrer sobre o Oceano Atlântico. Normalmente, o radar do avião capta a turbulência e emite um aviso para que o piloto desvie ou passe sobre a nuvem de Cúmulus Nimbus. A investigação apura se o Airbus da Air France tentou desviar da tempestade.

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