quarta-feira, 13 de abril de 2011

Ceará é o 2º do Nordeste com maior número de armas

O Ceará é o segundo estado com o maior número de armas de fogo no Nordeste, perdendo apenas para a Bahia. Em janeiro deste ano, havia 27,78 mil delas – cerca de apenas dois mil a menos que o primeiro lugar do ranking e quase o dobro do verificado em Pernambuco, que aparece em terceiro na região. Isso quando são contabilizadas apenas as com registro válido, conforme alerta com o Sistema Nacional de Armas (Sinarm) da Polícia Federal.


De acordo com a assessoria de imprensa do Sinarm, não há estimativas sobre a quantidade de revólveres e pistolas que circulam ilegalmente no Ceará. Entretanto, dados do Ministério da Justiça ajudam o Estado a ter noção do problema. Em 2005, ano em que foi realizado o referendo do desarmamento, três mil armas de fogo foram recolhidas por causa de algum tipo de irregularidade no porte.


Na consulta popular, mais de 60% dos eleitores votaram contra a proibição da venda desses armamentos. No ano seguinte, a quantidade de armas apreendidas caiu quase pela metade, o que abre margem a duas interpretações: a primeira, positiva, é de que pode ter diminuído também o número de armas em situação ilegal; a outra, nada animadora, é de que a fiscalização não deu conta do recado.


De 2005 a 2006, a quantidade de apreensões caiu de três mil para 1,8 mil, segundo o Ministério da Justiça. Desde então, o volume tem aumentado progressivamente, mas ainda é menor que o total verificado antes do plebiscito (2,6 mil).


Novo debate

A possibilidade de uma nova sondagem à população, já em outubro deste ano, abre de volta as discussões sobre vantagens e prejuízos do comércio de material bélico. Trata-se de novos gastos públicos com campanha, material publicitário logística de votação.

“Sai caro. Mas o que custa mais: um plebiscito ou uma vida humana?”, questiona o pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV) da Universidade Federal do Ceará (UFC) Ricardo Arruda.


A favor da consulta, ele ponderou, no entanto, os riscos de uso político do debate, assim como questionou a suposta motivação do plebiscito, que, segundo ele, foi aprovado apenas após o clima de comoção social e a pressão da imprensa, após o massacre em uma escola do Rio de Janeiro.


Para outros setores da sociedade, a retomada do debate põe em risco investimentos e lucros. Para o vice-presidente da empresa de Tecnologia da Informação Netcom Malam Team Internacional, Erez Gabriel Michaeli, já há ferramentas de controle eficazes contra tragédias como a carioca. “Uma câmera inteligente consegue alertar que uma pessoa está armada”, argumentou.


O vice-presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Segurança e Defesa, Carlos Afonso Gambora, manifestou-se em linha semelhante. “Você tem de ter a arma em casa não pra agredir ninguém, mas pra se defender. Além do mais, não é toda pessoa que pode ter uma arma. Ela precisa passar por testes psicotécnicos, de idoneidade etc.”, completou. (colaborou Ítalo Coriolano)

Onde


ENTENDA A NOTÍCIA


De acordo com a Polícia Federal, em janeiro deste ano havia 1,8 milhão de armas de fogo com registro válido em todo o Brasil. O primeiro lugar é o Rio Grande do Sul, com 344 mil armas. O segundo é São Paulo, com 338 mil.

Hébely Rebouças
hebely@opovo.com.br

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