domingo, 30 de janeiro de 2011
O que fazer na hora de planejar o ano letivo?
Educadores falam sobre um bom planejamento para o ano letivo. Um desafio para a maioria dos professores.
O primeiro dia de aula de 2011 está se aproximando para a maioria dos estudantes do Ceará. A ansiedade característica do período é comum para professores e alunos. De um lado, a experiência aguarda pelo inusitado. De outro, o início de um novo ciclo aquece crianças, adolescentes, jovens e adultos. Mas, o que a maioria não imagina é que para este primeiro encontro, e para todos os outros 199, coordenadores, diretores e professores têm que avaliar, repensar e programar conteúdos e atividades. Pela lei brasileira, os estudantes têm direito a 200 dias letivos, sendo assim, 200 encontros entre professores e alunos.
E é nos primeiros dias do ano que profissionais da Educação planejam suas atividades. Mas existe uma fórmula para este planejamento? O que deve ser considerado na hora de arquitetar conteúdos e atividades e torná-los de fácil entendimento e que envolva os alunos? Para a professora da Universidade de Fortaleza (Unifor), Xênia Benfatti, doutoranda em Educação, não existe fórmula mágica. O planejamento requer compromisso e disposição dos professores. "É importante ele rever os conteúdos, metodologias, fazer uma avaliação", defende Xênia, complementando que "um dos grandes problemas da docência, hoje, é porque ligamos o piloto automático, fazemos um plano e achamos que ele pode dar certo para todo mundo".
O procedimento é reiterado pela coordenadora pedagógica Francisca das Chagas Menezes Sousa Magalhães, de São Gonçalo do Amarante. "O professor vai ter que, antes de tudo, conhecer a turma. Não posso planejar sem saber para quem. Ele vai fazer o levantamento de características e aos poucos ele vai conhecendo as necessidades de aprendizagem dos alunos e do que a turma precisa. Tem que estabelecer as prioridades e elaborar metas, senão ele não saberá para onde tá indo. E compromisso, antes de tudo, porque senão não faz sentido o que ele vai realizar lá dentro", afirmou Chaguinha, como é mais conhecida a coordenadora. Ela foi reconhecida como Educadora Nota 10, em 2007, pela Fundação Victor Civita.
Depois de desligado o piloto automático, como propôs Xenia, o que o professor deve levar em conta na hora de pensar uma atividade para os seus alunos? A pergunta circula na cabeça de muitos profissionais no momento do planejamento. A dica principal é perceber as potencialidades da turma, segundo Xênia Benfatti. Então, antes mesmo do primeiro encontro, professores devem procurar saber quem são os seus alunos. Uma conversa e a troca de experiências com outros professores é uma saída para este conhecimento prévio. E ver a sala de aula como um ambiente de possibilidades. "Quando o professor olha para a sala de aula e ver como uma caixa fechada, ele não consegue vislumbrar possibilidades. Se ele vê a sala e relaciona os conteúdos que são desenvolvidos ao cotidiano dessa criança, jovem ou adulto, ele passa a pensar nos significados e sentidos que esses conceitos terão", explica.
Rompimento
Romper com uma cultura educacional que considera os conteúdos como foco principal na vida escolar de um indivíduo será o grande desafio dos professores na hora de planejar. Para Xênia Benfatti, é preciso equilibrar conteúdos, suas funções sociais e metodologias aos objetivos da disciplina ou atividade, sem esquecer de considerar a realidade do estudante. "A nossa vida escolar e acadêmica está repleta de circunstâncias de aprendizagem que nos levaram a memorizar conceitos sem compreendermos para que. Muitas vezes estudamos ou aprendemos para fazermos provas. A nota ou a avaliação é o que vai dar sentido à aprendizagem. Tirando a nota e a avaliação parece que a escola entra num vazio. Quando para isso, as nossas crianças e os nossos jovens deveriam ter interesse, ter vontade de saber, de conhecer, mas isso só acontece se o que eles aprendem dentro da escola tiver uma relação com o que eles vivem do lado de fora, se não eles vão continuar estudando somente para as provas".
Neste sentido, a educadora Chaguinha Magalhães e a equipe da Escola João Moreira Barroso, da comunidade de Salgado, em São Gonçalo do Amarante, estão trilhando o caminho da contextualização para seus alunos. "Eu sempre fui uma professora de usar vários métodos para dar uma aula. Eu tento, principalmente, quando trabalho na área polivalente, e esta é uma das coisas que eu defendo muito: contextualizar as disciplinas e os assuntos. Os PCNs eu considero como uma forma organizada do que o professor já fazia".
Ela diz que durante o planejamento em equipe, todos os detalhes devem ser levados em consideração. "Para quem vai planejar, os recursos, o espaço, o tempo, o material, tudo isso são coisas importantíssimas. Além de ser criativo e inovar. E ter muito pé no chão: quer dar uma aula show, o professor precisará saber que material terá acesso ou disponibilizado no dia".
Amanhã, ao chegarem na Escola João Moreira Barroso, para o primeiro dia de aula de 2011, nada de contar ou escrever como foram suas férias. Os estudantes desta comunidade vivenciarão durante toda a semana experiências que repassem valores sociais, limites e boas maneiras. Poderão opinar, ainda, e ajudar a construir sobre "o que é a escola para eles".
Fonte: Jornal Diário do Nordeste.
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